Diversas pesquisas nos Estados Unidos fizeram a pergunta ‘Qual qualidade é mais importante para o sucesso: talento ou trabalho duro? ‘Cerca de 66% dos respondentes foram a favor do trabalho duro e da determinação. Trabalho duro era uma das qualidades mais importantes para contratação de um possível funcionário.
E essa opinião não se aplica apenas ao mundo dos negócios.
Em 2011, o psicólogo Chia-Jung Tsay fez essa pergunta para especialistas musicais, e uma maioria esmagadora disse que a prática e o trabalho duro eram o segredo para o sucesso.
Mas, se estamos sendo honestos, nós realmente acreditamos que o talento supera o trabalho duro.
Fonte do Resumo do APP 12Min
No mesmo estudo de 2011, os especialistas musicais escutaram duas gravações em que supostamente uma delas era de um músico naturalmente talentoso, enquanto a outra representava um músico com anos de trabalho duro.
Embora os especialistas tenham dito serem a favor do trabalho duro, a grande maioria escolheu o músico naturalmente talentoso como superior. Mas aqui está a pegadinha: os especialistas escutaram músicas idênticas tocadas pelo mesmo músico!
E esse tipo de situação também acontece no mundo dos negócios.
O estudo de Tsay também observou empreendedores experientes e descobriu que as pessoas que trabalham duro precisam de muitos anos de experiência e de pelo menos $40,000 a mais em startup capital para competirem com as pessoas talentosas.
Se um candidato é apresentado como uma pessoa com talento natural para se conectar com as pessoas, ele será considerado mais valioso do que alguém que trabalhou duro para construir uma rede de colegas.
Esforço é muito mais importante que talento
Quando Bill Clinton subiu à presidência dos Estados Unidos, parecia não ter se esforçado tanto para isso. Do contrário, para Hillary Clinton, nunca foi tão fácil assim. Mas isso poderia na realidade, trabalhar a favor dela.
O esforço não só gera maiores habilidades; também gera resultados, o que faz com que o esforço seja duas vezes mais importante que o talento!
Você pode pensar nisso como uma equação: para determinar seu nível de habilidade, você pega seu talento em uma determinada área e multiplica pela quantidade de esforço. Então, Talento x Esforço = Habilidade.
Mas quando estamos falando de resultados, você precisa colocar a habilidade de volta na equação. Então, mais uma vez, os resultados serão dependentes da quantidade de esforço que você coloca. Dessa vez, Habilidade x Esforço = Realização.
Você pode também pensar nisso em termos atléticos. Mesmo quando você é naturalmente talentoso, ainda precisa colocar esforço para praticar e desenvolver sua habilidade. Por exemplo, se você quer ganhar a medalha de ouro nas Olimpíadas, será quase inteiramente dependente do seu esforço para chegar lá.
O poder do esforço é muitas vezes descoberto por pessoas que lutam para superar uma falta de talento.
Um bom exemplo disso é o escritor, John Irving. Longe de ser um talentoso nato, Irving teve dificuldades no colégio, repetindo um ano, recebendo um C- em inglês e atingindo uma nota abaixo da média em linguagens no SAT (vestibular americano).
Mas existe uma razão para isso. Irving era disléxico e precisava de muito mais tempo que os outros para desenvolver habilidades de leitura e escrita.
No entanto, Irving não desistiu. Ao invés disso, ele se esforçou muito mais que qualquer um em seus estudos, um hábito que manteve durante toda sua vida.
Irving acabou escrevendo e reescrevendo dez rascunhos dos seus romances, mas ele sabia que seu esforço e trabalho duro seriam recompensados. Os resultados falam por si: seu romance “The world according to Garp” (O mundo segundo Garp) ganhou o prêmio National Book em 1978.
Manter objetivos mais simples vai te ajudar a alcançar grandes objetivos
A sabedoria convencional diz que devemos fazer o que amamos. Mas, ainda mais importante que isso, você precisa se comprometer em fazer o que você ama. Realizar pequenas tarefas diárias é uma boa maneira de aumentar seus níveis de esforço.
Objetivos de baixo nível como esses podem servir como um caminho para a realização dos seus objetivos finais.
Muitas pessoas irão definir objetivos de alto nível, como se tornar um médico, advogado ou um atleta profissional. Ter objetivos de vida como esses é inspirador, mas também pode fazer com que você se esqueça de definir os pequenos objetivos para que os maiores aconteçam.
Por exemplo, para se tornar um médico, existem uma série de pequenos objetivos que devem ser definidos primeiro; como estudar e passar no vestibular. Depois que eles são alcançados, existem ainda outros pequenos objetivos como não se atrasar para suas aulas e garantir que você alcance boas notas.
Sem incorporar esses pequenos objetivos em seu dia a dia, o grande objetivo pode permanecer distante. No entanto, ter um sonho grande e uma visão também é importante para dar sentido e inspiração para sua vida. Afinal de contas, permanecer em um regime disciplinado é muito mais fácil quando você tem uma imagem clara do que está querendo alcançar.
Pense em Tom Seaver por exemplo. Tudo que ele queria era jogar baseball. Quando se aposentou com 42 anos, Seaver havia feito 3,640 strikes em 20 anos de carreira como um jogador da liga principal. Durante sua carreira, Seaver garantiu que tudo em sua vida trabalhasse para que ele realizasse seu objetivo. Isso significava que quando estava viajando para praia, evitava o sol já que uma queimadura no braço podia atrapalhá-lo a lançar a bola e em seu objetivo. E é isso que representa ser leal a seu objetivo. O sucesso de Seaver foi o resultado de um alvo simples.
Trabalhe com coisas que te interessem
Você tem dificuldade em ficar motivado durante um dia de trabalho? Se a resposta é sim, você não está sozinho. Uma pesquisa do Gallup em 2014 revelou que dois terços dos trabalhadores americanos não se sentem motivados no emprego, e a maioria das pessoas acredita que seu trabalho seja entediante. Na realidade, apenas 13% dos trabalhadores disse se sentirem engajados com o trabalho.
Essas estatísticas ressaltam um fato simples. Não importa quanta força de vontade você tem, se você quer continuar motivado, é importante fazer alguma atividade que te interessa.
Em 2003, o psicólogo Mark Allen Morris entrevistou centenas de trabalhadores americanos, e os resultados confirmaram que as pessoas são mais felizes quando o trabalho tem alguma ligação com seus interesses pessoais.
Isso significa que pessoas criativas provavelmente nunca se sentirão totalmente engajadas com um trabalho administrativo por exemplo. Da mesma maneira, alguém que gosta de ajudar e trabalhar com outras pessoas pode ter dificuldades para encontrar satisfação em um trabalho solitário.
Assim, também é importante ter expectativas realistas sobre os trabalhos disponíveis para você.
O psicólogo Barry Schwartz aconselha estudantes da Pennsylvania’s Swarthmore College há 45 anos, e ele observou que a geração atual está mais propensa a ter expectativas irrealistas sobre o futuro.
Schwartz observou que esse olhar incorreto se infiltrou nas vidas românticas e profissionais dessa geração. Em se tratando de trabalho e romances, ele descobriu que os jovens adultos de hoje têm a impressão de que existe uma combinação perfeita esperando por eles, e qualquer coisa que seja diferente disso, é um desperdício de tempo.
A geração atual precisa saber que na realidade, existem muitos empregos e parceiros possíveis para alcançar uma carreira e um relacionamento bem-sucedidos. E depois que você encontrar essa carreira ou parceiro, não se esqueça da importância de perseverar para alcançar seus objetivos.
Pratique com inteligência e não se prenda às mesmas técnicas
Se você gastou muito tempo estudando para algumas provas, é provável que saiba como é fácil gastar um dia inteiro copiando informações inúteis e acabar com uma nota ruim. O fato é que, praticar muito pode ser um desperdício de tempo se você não pratica de maneira inteligente.
As pessoas que praticam sempre têm mais sucesso em dominar uma nova habilidade do que as pessoas que não se esforçam. Assim, o psicólogo cognitivo Anderson Ericsson, descobriu que a chave para esse sucesso é a prática inteligente.
Considere os atletas. Os corredores bem-sucedidos não praticam com objetivos vagos em mente; eles são precisos e mantêm os olhos em cada detalhe das corridas, incluindo um monitoramento das respostas corporais e das distâncias percorridas. Os objetivos deles também são precisos; eles buscam correr 100 metros a mais que da última vez, alcançar uma velocidade específica ao fim do mês ou diminuir a tensão em seus ombros durante o treino.
Os benefícios da prática deliberada são: te tirar do piloto automático, te ajudar a evitar repetição e trazer grandes resultados.
Os médicos também se beneficiam de treinamentos específicos. Sabendo disso, a Ericsson desenvolveu um programa para ajudar a treinar os médicos a lidarem com situações críticas específicas, como paradas cardíacas. O programa dá aos médicos feedbacks depois de sugerirem certos métodos de treinamento, ajudando quando o médico caminha em uma direção errada.
Durante uma sessão de treinamento do programa, um médico se manteve no piloto automático. Ele não estava aprendendo com os feedbacks e repetia sempre o mesmo erro. Embora praticasse de maneira cuidadosa, ele estava simplesmente se repetindo sem fazer nenhum progresso. Ele só conseguiu mudar e acertar, quando pediram que parasse por um tempo para pensar e refletir sobre o que estava fazendo. E assim, ele conseguiu obter bons resultados.
Pode ser fácil fazer o trabalho e acabar no piloto automático supondo que você vai acabar colhendo os frutos do seu tempo de prática. Mas isso não vai acontecer até que você pare e reflita sobre o que precisa melhorar, e então comece a praticar.
Encontre seu verdadeiro propósito
Você não vai conseguir fugir do fato de que algumas vezes é preciso fazer coisas que não gosta. E em muitas dessas vezes, você vai procrastinar e adiar tanto uma tarefa, que ela vai parecer uma luta interminável.
A melhor maneira de evitar a procrastinação é se motivar ao encontrar o propósito do seu trabalho. Pode ser fácil encontrar a motivação se você faz o que ama. Mas perceber como seu trabalho contribui para o bem-estar de outras pessoas também pode ser motivador.
Uma pesquisa de 2015 chegou à conclusão de, que as pessoas que trabalham ajudando os outros são mais satisfeitas. E você não precisa necessariamente ajudar outras pessoas. Outro estudo pesquisou alguns zeladores de zoológico e descobriu que muitos deles são felizes com seus salários baixos apesar de terem uma boa educação. Esses zeladores identificam o trabalho como um chamado. E como resultado disso, o trabalho dá a eles um grande senso de propósito na vida; e a crença de que estão contribuindo para melhorar o mundo. Isso também significa que eles estão mais dispostos a fazer horas extras para cuidar dos animais doentes.
Se você ainda não encontrou seu verdadeiro chamado, não se preocupe. Pode levar algum tempo e você pode encontrá-lo enquanto faz alguma outra coisa. O professor Michael Baime ensinava medicina na Pennsylvania University depois de anos de faculdade e estágios. Ele sabia que a medicina não era seu verdadeiro chamado, mas ele gostava de ajudar outras pessoas. Enquanto isso, ele estava desenvolvendo sua verdadeira paixão: a meditação e a mindfulness, uma prática que ele gostava desde muito jovem.
Eventualmente, Baime se tornou o diretor da medicina interna em um hospital na Filadélfia. E em 1992, ele abriu uma classe de meditação para pacientes com doenças terminais. Ao manter suas práticas na medicina, ele foi capaz de abrir caminho para seu verdadeiro chamado. E depois disso seu programa de meditação passou a ser sua principal ocupação.
Incentive o trabalho duro ao invés do talento
Infelizmente, as crianças são expostas a diferentes conselhos ruins, especialmente quando escutam que não são inteligentes o suficiente e que o trabalho duro é um desperdício de tempo.
E isso pode levar a pessoas que não conseguem alcançar seu potencial. Para evitar que isso aconteça, é importante reconhecer e encorajar o trabalho duro ao invés de recompensar apenas o talento.
Ao invés de acabar com as esperanças de alguém, lembre às crianças de que habilidades podem ser alcançadas através do trabalho duro, e de que a determinação e o esforço trazem recompensas.
Infelizmente, as escolas normalmente recompensam as crianças pelo talento e não pelo trabalho duro. Os professores americanos Mike Feinberg e Dave Levin, estão tentando mudar essa visão.
Em 1994, eles lançaram um programa chamado ‘Conhecimento é Poder’, com uma regra de que as crianças seriam recompensadas pelo esforço e aprendizado, e não por talentos naturais. Então, ao invés de dizer a uma criança “Você é muito talentoso, parabéns”, os professores deveriam dizer “Você está aprendendo, parabéns”.
Os resultados foram muito bons. As notas das crianças que participaram do programa subiram bem acima da média nacional.
O programa mostrou como é importante para os adultos e professores trabalharem como exemplos para as crianças. Crianças aprendem que as mudanças e as melhorias são possíveis, através dos exemplos dos adultos e dos professores.
O psicólogo Daeun Park observou como crianças da primeira e da segunda série aprendiam com os professores. Os professores que davam ênfase em categorizar os alunos de acordo com suas notas, davam exemplos ruins para as crianças.
Essas crianças acabavam pensando que o nível de inteligência delas era predeterminado, e por isso preferiam tarefas seguras e pouco desafiadoras. O mesmo foi verdade para os pais. Infelizmente, é muito comum que um pai pense que notas ruins reflitam em falta de inteligência ao invés de falta de esforço. Isso pode gerar um sentimento na criança de que ela é burra e de que deveria desistir. Se os pais e professores dissessem às crianças que elas precisam trabalhar duro, elas seriam mais motivadas e alcançariam resultados melhores.
O esforço é mais valorizado em algumas culturas
Não é incomum ver um atleta, esforçado e determinado, superando um começo ruim e vencendo uma partida. Mas é incomum vermos essa mentalidade sendo promovida em grande escala. A menos que você more na Finlândia, onde esses valores culturais são muito promovidos.
Talvez por causa dos longos e frios invernos, e uma história de defensivas contra os vizinhos Russos, a Finlândia é um grande promotor do esforço.
Os finlandeses possuem uma palavra própria para o “esforço”, “sisu”, que se refere à qualidade de perseverança que é parte integral da cultura finlandesa. A psicóloga finlandesa Emília Lahti leva o sisu muito a sério, e pesquisou o que essa palavra significa para os finlandeses. Depois de perguntar para mil finlandeses, ela descobriu que 83% acreditavam que sisu era uma característica aprendida, e não uma qualidade inata.
E assim como o esforço pode ser aprendido, ele também pode ser incentivado como uma virtude em uma empresa.
Muitos creditam a Jamie Dimon, o CEO do JPMorgan Chase, o incentivo ao espírito “can-do” que permitiu que a empresa ganhasse $5 bilhões em lucros durante a crise financeira de 2008, um momento em que muitos outros bancos estavam quebrando.
Dimon aprendeu sobre o esforço desde cedo. Quando seu professor de cálculo do colégio teve um ataque cardíaco, a escola enfrentou problemas para encontrar um substituto apropriado. Isso fez com que metade dos alunos desistisse da classe. No entanto, Dimon era parte da outra metade que insistiu e aprendeu cálculo por conta própria.
Esse é o espírito de determinação que Dimon ensinou a seus funcionários em reuniões por todo o país. Ele os inspirou a lutar e vencer diante da adversidade, promovendo motivação, senso de propósito e definindo um objetivo que os levaria ao sucesso.
Notas Finais
Assuma um desafio e pratique seu esforço e perseverança. Por exemplo, decida escrever uma história curta. Defina o tamanho da história e seu prazo. Planeje o que você vai precisar alcançar todos os dias para continuar no caminho certo. Agora comece a cultivar o poder do seu esforço!
Fonte: APP 12Min
Cezar Nunes