Já há algum tempo que o QI não é a única medida para que possamos avaliar as capacidades de um indivíduo. Ultimamente, graças as pesquisas sobre a inteligência emocional, e de acordo com vários estudiosos de Neurociência, sabemos que entender as nossas emoções, e as dos outros, é fundamental para ter sucesso na vida pessoal e profissional. Quando o assunto é crescimento pessoal e profissional precisamos não apenas de conhecimentos técnicos, mas saber lidar com pessoas e com emoções. Hoje, é difícil viver sem considerar essas habilidades.
Todo profissional já passou ou pretende passar daquela fase em que faz tudo sozinho, e mais dia menos dia, terá que administrar um time. Todos temos Clientes, internos ou externos, que demandam uma série de habilidades que vão além do conhecimento ou de habilidades específicas. Eles buscam no profissional alguém que exercite a escuta ativa, que seja capaz de manter bom relacionamento, atento às suas necessidades e que entenda seus reais interesses. No fundo, tudo isso são habilidades não cognitivas, que costumamos chamar de inteligência emocional.
A boa notícia é que, como quase tudo em nossa vida, a inteligência emocional pode ser praticada e cultivada. Não é fácil mudar nossa maneira de agir e de reagir, mas não é uma missão impossível.
A inteligência emocional pode ser trabalhada a medida em que nós damos atenção a cinco importantes pontos:
- Autoconhecimento
- Autocontrole
- Motivação
- Empatia
- Habilidades sociais.
Penso que autoconhecimento é o aspecto mais importante entre eles. É o primeiro passo para melhorar. Muitas pessoas me perguntam o que posso fazer para desenvolver meu autoconhecimento? Muitas são as maneiras desde as mais tradicionais até as mais criativas. Se você for disciplinado e tiver um olhar atento a si mesmo, pode fazer uma autoanálise observando-se, ou então pode contar com o auxílio de profissionais especializados, tais como coaches, terapeutas, psicólogos etc.
Você pode fazer alguns exercícios práticos com objetivo de se conhecer melhor. Por exemplo: convide três ou quatro pessoas próximas a você para ajudá-lo a descobrir seus pontos fortes e os pontos a serem melhorados. Isso pode ser feito com pessoas que você confia e que podem te dar feedbacks do seu dia a dia. Comece fazendo algumas perguntas:
- Quais são os pontos que você considera positivos em mim?
- Que tipo de problema você me chamaria para te ajudar?
- Quais os pontos você entende que eu deveria desenvolver para me tornar um profissional / uma pessoa melhor?
Esses feedbacks podem ser ótimos pontos de partida para começar a se entender e avaliar como as pessoas nos veem, e com isso montar nosso próprio quadro de autoconhecimento.
Uma alternativa é fazer um inventário comportamental. Existem várias ferramentas de diagnóstico de personalidade, utilizados pelos coaches, psicólogos, terapeutas etc. Elas podem dizer muito sobre um indivíduo e dar informações como: você é detalhista? Criativo? Comunicativo? Gosta de mudanças? Dá espaço para o outro? Trabalha em equipe? É centralizador? Qual sua capacidade de se comunicar? Qual sua necessidade de liderar? Quais são os valores que te movem e te dão prazer?
2. Pratique o autocontrole e desenvolva as características que você precisa.
Uma vez que você começa a perceber as características que mais lhe trazem desafios você pode decidir desenvolvê-las.
Decidir é uma das palavras-chave no processo de trabalhar a sua inteligência emocional. Toda mudança, depende da vontade genuína da pessoa em mudar e que esteja disposta a praticar novos hábitos. A mudança precisa fazer sentido, tem que ter um forte motivador, seja porque você se incomoda com a maneira como se comporta hoje ou porque para a realização melhor do seu trabalho é exigido o desenvolvimento dessas habilidades. Qual é seu incentivo para investir tempo e empregar energia nessa mudança?
Após definir o que quer mudar, avaliar os prós e contras dessa mudança é necessário planejar como atingir seu objetivo e é necessário praticar. Por exemplo, se você percebe ou é alertado por alguém que se dispersa e deixa de interagir com as pessoas porque está sempre olhando o celular, tenha como meta diminuir esse hábito. Na próxima reunião ou encontro com os amigos, deixe o celular fora do alcance. Fazer com que seu cérebro resista ao impulso de pegar o telefone e checar as mensagens é um enorme esforço. Mas vigiar suas atitudes e mudar fará com que, em algum tempo, um novo hábito seja criado. Com relação a mudança de hábitos, tenho duas notícias, uma boa a uma ruim... A boa: após alguns dias de repetição do novo comportamento ele vira hábito. A ruim: não é fácil, mas é possível.
Para ajudá-lo na mudança de hábitos uma outra forma é praticar ensaios mentais. Atletas olímpicos, por exemplos, treinam seus movimentos em pensamento, não apenas na hora do treino. Vale também usar bons exemplos. Como uma pessoa que é excelente nessa habilidade que estou querendo melhorar se comportaria nessa situação? Pense nela antes de agir.
Se quiser se aprofundar no assunto hábitos, sugiro a leitura do livro “O Poder do Hábito – de Charles Duhigg”.
3. Valorize seus pontos fortes e saiba delegar
A medida em que você desenvolve seu autoconhecimento é importante que valorize seus pontos fortes, aquelas características que você apresenta naturalmente. Elas são seu diferencial como indivíduo e como profissional. Ninguém consegue ser bom em tudo ou mudar todos os aspectos de sua maneira de ser. Conhecer seus dons natos faz com que você saiba quais funções pode desempenhar com mais qualidade e com prazer.
No meu caso, por exemplo, tenho como meus pontos fortes a criatividade, habilidades manuais e a comunicação, gosto de estar com pessoas. Sei que me desenvolvo muito mais vivendo experiências em ambientes diversos do que passando horas lendo livros teóricos. Porém, tenho que me esforçar para organizar meus pensamentos e para cumprir minha agenda de compromissos. Como essas características são fundamentais para o sucesso do meu negócio, não posso delegá-las. Ao mesmo tempo, tenho dificuldade de cuidar de rotinas, processos e controles operacionais, por isso ao longo de minha carreira, me cerquei de pessoas que tinham essas características que complementavam o trabalho do time. Essas são as atividades / funções eu devo delegar.
Ninguém tem todas habilidades e recursos pessoais disponíveis, não somos super-homem ou supermulher. Sabendo disso, cerque-se de pessoas que possuam habilidades que lhe faltam, para que você aprenda com elas e para que te complementem no dia a dia. Nunca ache que sozinho vai resolver todos os problemas.
4. Trabalhe a auto empatia, seja autêntico
Já que você já se conhece, sabe o quais são seus talentos e o que te motiva na vida, não tente se enganar e perder sua essência como pessoa. É preciso encontrar caminhos para o controle e exercitar a auto empatia. Se desafie, mude, trace objetivos claros, factíveis e que possam ser medidos, mas respeite seus limites e seja feliz. Eu pessoalmente, até os vinte e poucos anos era gago. Minha gagueira era tão limitadora, que em determinados momentos me impedia de responder presente na chamada da sala de aula. Isso me incomodava muito e me trazia uma série de problemas. Foi através de um instrutor amigo, coaching e que trabalha com PNL (Programação Neuro Linguística) que pude reconhecer minha barreira limitante, e através de exercícios mudar minha maneira de enfrentar esse desafio e ultrapassá-lo. Hoje “falo pelos cotovelos”, mas para isso tive que reconhecer minha limitação, buscar o autoconhecimento para saber sua origem, trabalhar o perdão e refazer meus hábitos. Como já disse antes, não foi um trabalho fácil, mas com treino e muito foco obtive bons resultados.
5. Trabalhe com os feedbacks e entre num ciclo virtuoso
Uma excelente ferramenta para avaliar se estamos no caminho certo no processo de autoconhecimento, é através dos feedbacks. Ele nos permite entender como outros enxergam o processo de mudança e deve ser utilizado para nos motivar a encontrar novos pontos para melhorar. Sabemos que a motivação (motivo + ação) é essencial para que possamos atingir nossos objetivos, e sermos mais felizes.
Que tal começar o ano trabalhando seus desafios com seriedade? AUTOCONHECIMENTO a palavra-chave. Feliz 2017.
Se organize e você percebera o quanto pode ser mais produtivo, criativo, realizado e feliz.
Grande abraço,
Publicado no site: Dicas Profissionais
Cezar Nunes