Ela sempre esteve lá...
A evolução deu ao ser humano suas emoções, para ajudá-lo a lidar com situações perigosas e responder de forma inteligente a elas. Depois de milhões de anos, ainda possuímos o sistema emocional dos homens da pré-história, que se enfrentavam regularmente com situações de vida ou morte. As emoções frequentemente superam o pensamento. De certa forma, nós seres humanos temos duas mentes, uma racional – que pensa e reflete, e outra que sente – é impulsiva, poderosa e ocasionalmente ilógica. Estas duas mentes funcionam em harmonia e equilíbrio na maior parte do tempo, entrelaçando suas diferentes formas de conhecimento para nos guiar pelo mundo. A emoção alimenta as operações da mente racional, que as vezes segue seus impulsos e em outras se esforça para ignorá-los. Algumas vezes os sentimentos intensos permitem a mente emocional dominar a mente racional. As fortes emoções interferem em nossa atenção e em cada aspecto do pensamento. Mesmo assim, nossa meta jamais deve ser eliminar a emoção, mas sim achar um equilíbrio inteligente entre a razão e a emoção.
QI e QE
Para Goleman, o coeficiente intelectual (QI) contribui com apenas 20% do nosso sucesso na vida – os 80% restantes são o resultado da inteligência emocional, que inclui fatores como a habilidade de se auto motivar, a persistência, o controle dos impulsos, a regulação do humor, empatia e esperança. O QI e a inteligência emocional (QE) não são habilidades opostas – mas trabalham de forma separada. É possível ser intelectualmente brilhante, mas emocionalmente inapto e esse tipo de desalinhamento causa os maiores problemas na vida das pessoas.
A Inteligência Emocional é composta por 5 aspectos principais:
- Conhecer as próprias emoções: A consciência de si mesmo é a chave da inteligência emocional. Quando não conseguimos ler nossos sentimentos ficamos à sua mercê. Se você está seguro de seus sentimentos, tem uma noção mais segura do mundo e está mais preparado para tomar suas decisões.
- Guiar e controlar as emoções: Mais do que apenas conhecer suas próprias emoções, é preciso saber controlá-las e/ou colocá-las na direção certa. É necessário saber lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida. O controle de suas emoções é o que permite que você consiga se recuperar em situações de derrota e tristeza e se controlar em momentos de empolgação.
- Auto motivação: Utilizar suas emoções para atingir seus objetivos é algo essencial para sua eficiência. Auto motivar-se significa dirigir suas emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal. As pessoas que têm essa capacidade tendem a ser muito mais produtivas e eficazes no seu dia a dia.
- Reconhecer as emoções dos outros: Empatia é uma habilidade fundamental. Aqueles que a têm estão muito mais adaptados aos sinais sociais que indicam o que os outros necessitam ou querem. Pessoas com empatia desenvolvida tem performances melhores em áreas como ensino, vendas e gestão.
- Saber como ter um bom relacionamento interpessoal: A arte das relações é uma competência social crucial para quem busca o sucesso. Ela se baseia em sua habilidade de guiar as emoções dos outros. As pessoas que se destacam nessas habilidades se desempenham bem em qualquer situação que dependa de interações com outras pessoas.
Talvez, eles estejam escondidos...
À primeira vista, pode parecer que nossos sentimentos são evidentes e que sempre percebemos quando eles aparecem. A verdade é bem diferente disso. Frequentemente nossos sentimentos se escondem de nós e a autoconsciência emocional é um estado neutro que deve ser buscado mesmo durante as emoções mais intensas. É preciso estar “consciente do nosso humor e do nosso pensamento sobre esse humor”. Ou seja, se você está de mau humor e quer sair desse estado, o primeiro passo é saber que você está de mau humor. Não espere que alguém te conte isso, você deve buscar compreender sempre seus estados emocionais, para que não atue por impulso e se coloque em situações que atrapalhem seu sucesso.
Conheça os Perfis Emocionais
As pessoas costumam adotar alguns perfis típicos para enfrentar suas emoções, são eles:
- Autoconsciente: Estas pessoas tendem a entender bem suas vidas emocionais e ter clareza de como se sentem. Estas pessoas tendem a ser independentes, seguras de seus limites e tendem a ser positivas com relação ao mundo. Ao se depararem com mau humor, elas tendem a superá-lo com relativa facilidade.
- Submerso: Este perfil se sente inundado em suas emoções e tem dificuldade de entendê-las e controlá-las. Numa situação de mau humor, por exemplo, elas tendem a não se mover para sair deste estado e muitas vezes nem o percebem.
- Acomodado: São pessoas que entendem as emoções que sentem, mas tendem a não se esforçar para mudá-las. Elas são suscetíveis aos seus humores, compreendem-nos, mas não se esforçam para mudá-los. A autoconsciência é a base para a administração das emoções e para ser capaz de lidar com suas emoções. Não se deixe submergir ou se acomodar!
Você tem que brilhar o olho…
A habilidade de lidar com os desafios emocionais é admirada como virtude desde os tempos de Platão. Por outro lado, não podemos deixar de lado nossas paixões e preferências. Uma vida sem paixões seria tediosa, por isso, seu objetivo é sempre ter as emoções adequadas e que elas sempre respondam às circunstâncias. Quando as emoções são suprimidas, elas podem criar tédio e distância. Por outro lado, quando elas estão fora de controle e são extremas e persistentes, podem se tornar patológicas.
Para entender como lidar com nossas emoções, é preciso entender como nosso cérebro funciona. A verdade é que nosso cérebro não tem quase nenhum controle sobre as emoções que serão despertadas por algo, e nem quando isso vai ocorrer. Por outro lado, nós temos controle sobre quanto tempo durará uma emoção e o quanto estaremos suscetíveis a ela. É possível mudar nossos hábitos e emoções. Mesmo em casos severos, através de tratamentos, psicoterapias, etc.
Um bom exemplo de emoção difícil de ser evitada é a raiva. Você pode sim ficar com raiva daquele mala do trabalho e provavelmente vai ser difícil evitar isso. O que não pode ocorrer é que você fique por horas neste estado, que você fique vulnerável as atitudes dele que te incomodam e que a sua produtividade vá pelo ralo. Se você nota que começou a sentir raiva, uma boa forma de se livrar dela por exemplo, é encontrar uma distração. Que tal dar uma volta no Excel ou cair de cabeça naquele relatório que você tem que fechar? Que tal sair mais cedo e dar uma corrida? Aliviar e superar a raiva é importante, mas não podemos deixar que ela se torne uma tristeza. A tristeza frequentemente alivia a raiva, porém nos leva a depressão. Para quebrar um ciclo de depressão ou tristeza, precisamos bloquear os pensamentos que nos deprimem. A solução é relativamente simples: realizar atividades prazerosas. Qualquer tipo de coisa que nos agrade. Pode ser um esporte, uma prece, ajudar os mais pobres. A ferramenta mais importante aqui é saber se reestruturar cognitivamente, ou seja, mudar sua percepção da situação atual, deixar de vê-la por uma ótica negativa e passar a vê-la por uma ótica positiva. Lembre-se, tudo tem um lado bom!
Ansiedade, Gratificação e Motivação
Motivação é crucial para alcançar seus objetivos. Atletas e músicos se destacam por sua auto motivação e suas rotinas de treinamentos de alta performance. Nossas emoções alteram nossa capacidade de pensar e planejar nosso futuro e saber lidar com elas permite que alcancemos nossos objetivos e metas e definamos nossa performance. Por esse motivo, uma habilidade essencial é ser capaz de reprimir emoções e impulsos que temos em busca de gratificações instantâneas. Saber ignorar as gratificações momentâneas como aquele pequeno lanche delicioso ou ganhar alguns trocados de maneira fácil é a chave para sucesso de longo prazo. Quer fazer uma dieta? Quer se tornar um PHD? Não existem atalhos, você vai ter que focar no longo prazo e se desapegar dos pequenos incentivos.
Nossa ansiedade prejudica nossa mente racional, enquanto o bom humor alimenta nossa capacidade de pensar. Se você tem auto controle, pode ser capaz de utilizar sua ansiedade como combustível para se manter motivado. A relação que existe entre a ansiedade e o desempenho é como um U ao contrário. Pouca ansiedade significa que não existe motivação, o que traz um desempenho ruim. Por outro lado, muita ansiedade prejudica nosso lado racional e faz com que não sejamos capazes de tomar boas decisões. A melhor performance encontra-se no meio do U invertido, num estado chamado hipomania, que é ideal para encontrar sua criatividade e performance máximas.
Hipomania é uma alteração de humor semelhante uma obsessão, uma mania, porém com menor intensidade. A pessoa se sente muito bem, com bastante energia e isso a deixa motivada. Esperança e o otimismo também tem papéis importantes em nossas vidas. Esperança significa não se deixar levar pelo negativismo ou momentos de depressão. Otimismo significa atribuir seu fracasso às coisas que você pode mudar, de forma que, ao final, as coisas corram bem. Se você consegue mudar seu destino, não há motivos para se deprimir. Otimismo é essencial para o sucesso no mundo dos negócios, onde as pessoas precisam se mover rápido e criar suas próprias oportunidades!
Nota do 12': Se você é senhor do seu destino, você é capaz de superar os mais difíceis desafios!
Sinta o flowzão...
Existe um estado de alto desempenho que foi descoberto por psicólogos chamado ‘fluxo’ ou cá entre nós do time da 12', flowzão. Ele é um exemplo da inteligência emocional em sua melhor expressão: O flow aparece quando nos comprometemos completamente com uma tarefa na qual somos habilidosos. É uma zona mental onde a produtividade é máxima. O foco é totalmente dedicado à tarefa e as distrações, os concorrentes e os problemas desaparecem completamente. Entrar no flow é o ponto ótimo da inteligência emocional no que se diz respeito a colocar as emoções a serviço do desempenho e do aprendizado. No flow, as emoções não estão somente contidas e canalizadas. Elas são estimuladas e alinhadas com uma tarefa imediata. Ficar preso ao tédio da depressão ou na agitação da ansiedade são coisas que te tiram do flow. O fluxo é uma experiência que quase todo mundo tem de vez em quando, sobretudo quando alcança o desempenho ótimo e quebra suas barreiras. O cérebro se torna calmo nesse estado de fluxo e faz com que uma tarefa difícil possa ser executada usando um mínimo de energia.
Empatia: Sinta Pelos Outros
As emoções não se manifestam em palavras. A chave para intuir os sentimentos de outra pessoa está na habilidade de poder interpretar os sinais não verbais: o tom da voz, os gestos, a expressão facial, os movimentos do outro. Quanto mais emocionalmente conscientes estamos, mais habilidades teremos para ler os sentimentos dos outros. A capacidade de se relacionar pede essa empatia, seja quando você precisa aconselhar um amigo, seja quando queira criar “rapport” com um potencial parceiro de negócios. Pessoas que tem habilidades de empatia são capazes de se ajustarem a seu meio e se tornarem mais populares e amigáveis. A empatia começa desde a infância, quando bebê, e se baseia na imitação dos sentimentos dos outros.
Quando você era criança, sem querer imitava fisicamente o que via nas outras pessoas. A sintonia da relação entre o bebê e a mãe vem naturalmente da sua relação próxima, diária. Um filho sabe quando a mãe está triste ou feliz quase que instintivamente. Isso é empatia, e sentir-se emocionalmente conectado.
Para se conectar, é preciso se importar. Empatia significa tentar sentir o mesmo, e se você não se importa, você acaba desenvolvendo sua antipatia. Muitas vezes, nossas atitudes empáticas vêm dos nossos juízos morais. Você mentiria para não magoar sua namorada? É importante entender como a empatia afeta seu julgamento para que você tome a decisão moralmente correta para você. As raízes da moralidade devem se encontrar na empatia, já que o fato de empatizar com os afetados (por exemplo, alguém que sofre de uma dor, um perigo ou uma privação) e de compartir sua aflição é o que move as pessoas em atuar para ajudá-las.
As artes sociais
A maior parte dos nossos contatos sociais são sutis e vão se desenvolvendo aos poucos, encontro por encontro. Nós transmitimos e captamos estados de ânimo das outras pessoas e o que ocorre é que, enquanto alguns encontros são fantásticos, outros acabam sendo tóxicos para nossa vida. Demonstrações emocionais têm consequências imediatas no seu relacionamento com outras pessoas no dia a dia. Cada atitude ganha ou perde créditos quando se fala de mostrar nossas emoções para os outros. Essa troca emocional se dá de forma sutil e muitas vezes confusa. A simples maneira como alguém te cumprimenta e diz "oi!" pode fazer com que nos sintamos bem ou ignorados.
Por isso, é preciso entender como funcionamos. Nós seres humanos enviamos frequentemente sinais emocionais em cada encontro com os outros e, inconscientemente, imitamos as emoções que vemos nos outros. Sim, emoções são contagiosas! Nossos sinais afetam os outros o tempo todo. Sabe aqueles amigos que andam juntos todos os dias? Note como eles falam de maneira parecida e agem em sincronia. Essa coordenação de emoções é a versão adulta da sintonia entre o bebê e a mãe. Ela é a verdadeira chave da eficiência interpessoal. Quanto mais socialmente habilidosos somos, melhor controlamos os sinais que emitimos. A inteligência emocional se refere a ser capaz de controlar o quanto e como você expõe seus sentimentos. Pessoas populares são aquelas que nos fazem sentir bem em sua presença.
No seu namoro ou casamento
Em um casal, existem duas realidades emocionais distintas, a de cada um dos envolvidos. Homens e mulheres tem modelos emocionais diferentes que vem da sua criação e até mesmo biológicos. De forma geral, as mulheres são melhores em comunicar suas emoções, enquanto os homens tendem a minimizar e escondê-las. A inteligência emocional pode ajudar a contrapor as tensões pessoais e sociais que fazem com que os relacionamentos fracassem. Para evitar desacordos em um relacionamento, é preciso saber criticar uma ação sem atacar a pessoa. Os ataques pessoais deixam os sentimentos das pessoas feridos e as colocam na defensiva. Em um relacionamento, é necessário reconhecer que os maus hábitos não mudam de um dia ao outro. Eles requerem persistência e atitude. O principal é aprender a estar sereno e dominar seus impulsos. É preciso escutar sem estar na defensiva e se empenhar para ter empatia com as situações dos outros.
No seu escritório, com a sua equipe
A arrogância de alguns chefes comprovadamente desmotiva sua equipe e atrapalha a produtividade. A aplicação da inteligência emocional para liderar é crucial e sua principal ferramenta é o feedback. Bons líderes e gerentes devem aprender, não só a dar feedback de maneira eficaz, mas também a aceitá-lo inteligentemente. Você tem que ser cuidadoso em não confundir a crítica com ataque pessoal. Uma crítica construtiva deve ser feita pessoalmente, com empatia, incluindo elogios e com foco em soluções. As pessoas que recebem a crítica devem buscar aprender com ela e aceitá-la como uma oportunidade real de melhoria. Atualmente, o coeficiente emocional de uma equipe se dá pela sua habilidade de trabalhar em harmonia aproveitando da melhor forma possível os talentos individuais de cada um dos membros.
Na sua saúde
O cérebro emocional está diretamente relacionado ao seu sistema imunológico. O stress nos torna mais suscetíveis à doenças infecciosas. A hostilidade e agressividade têm sido associados à problemas do coração. Por isso é preciso trabalhar nosso cérebro emocional também. Exercícios de relaxamento, esportes, atividades prazerosas são maneiras de trabalhar e "malhar" nossos músculos emocionais. Guiar sentimentos pode ser uma forma de prevenir doenças, fique atento a eles e veja se algum deles pode estar impactando a sua saúde e bem-estar.
Eu nasci assim...
Seu temperamento é algo inato. Ele te acompanha desde quando você nasce e está associado diretamente à sua genética. Cada pessoa sente emoções diferentes e com durações diferentes em uma mesma situação. O que temos que nos perguntar é: Conseguimos mudar nosso temperamento através das nossas vivências no dia a dia? Nosso cérebro não está totalmente formado no momento do nascimento. Ele segue se moldando e se desenvolvendo à medida que o tempo passa. A vida familiar é o primeiro grande aprendizado emocional e nela aprendemos a entender nossos sentimentos e expô-los. É importante entender como nossos sentimentos são moldados, suas origens e quando eles ocorrem para que possamos, ao longo da nossa vida, aumentar nossa inteligência emocional e também desenvolver a dos nossos filhos. É essencial que você dê suporte ao desenvolvimento emocional das crianças. Como um pai ou professor, você deve promover as habilidades emocionais, incentivando-os a falar sobre como eles se sentem. Deixe claro para elas que o estado emocional as ajuda a controlar suas vidas e a atingirem seus objetivos. Também é importante dar críticas construtivas sempre. Se você vai criticar algo, faça-o com tato e carinho, ressalte os pontos positivos também.
Notas Finais
Demonstrações emocionais têm consequências imediatas no seu relacionamento com outras pessoas no dia a dia. Cada atitude ganha ou perde créditos quando se trata de mostrar nossas emoções para os outros e entender como eles se sentem. O fator emocional da nossa inteligência é responsável pela maior parte do nosso sucesso e é preciso desenvolvê-lo. É mais fácil desenvolver sua inteligência emocional (QE) ao longo da vida que seu consciente de inteligência (QI). Saber usar a empatia com as pessoas, dar críticas construtivas e não sucumbir aos seus impulsos são habilidades essenciais para isso.
* Parceria com o app 12Minutos
Cezar Nunes